quarta-feira, 3 de agosto de 2022

The Void

Cadê a sociedade? Cadê as pessoas? Pr'onde foi todo mundo?

Ultimamente tenho me perguntado a cada dia mais quando foi que ficamos todos viciados em distração.
Passamos dias, meses, anos procurando maneiras de nos distrair da realidade, procurando amenizar o desespero que tomou conta do mundo.
É como se passássemos nosso tempo construindo uma redoma, física ou não, que vai nos proteger dos famintos, dos necessitados, dos assassinos, dos ladrões, da maldade, do caos humano.
Claro que sabemos de todas essas coisas, elas estão aí, é inegável. Mas nós não nos importamos com elas de fato. Ao menos não a ponto de fazer algo a respeito, simplesmente optamos pela distração. Distração do fato que vivemos num mundo onde existem pessoas com riqueza suficiente para acabar com a fome de todos os famintos, mas ainda assim não o fazem.
E isso é só o milho no topo do bolo... fecal.
Aceitamos o inaceitável, preferimos nos distrair.
Arte, música, dança, religião, trabalho, novela, causas sociais, ONGs, reforma agrária, as contas pra pagar, política, economia, a correria do dia-a-dia.
Distração.
A variedade é grande, escolha seu veneno preferido.
Enquanto confortavelmente escolhemos o próximo filme no catálogo, pessoas seguem morrendo, e isso inclui a gente, morremos por dentro sem nem perceber, diariamente deixamos nossa humanidade de lado em troca de nos distrairmos. Viver, afinal de contas, dói.
Eu não posso nestas linhas dizer o que penso que deveríamos estar fazendo, ou provavelmente acabarei na prisão.
Também infelizmente não posso fazer o que penso, não sozinho, afinal seria de pouca ou nenhuma serventia.
Então me restam a tristeza, a amargura e, ironicamente, a distração.
Então escrevo.


Escrever me distrai.







Nenhum comentário:

Postar um comentário