sábado, 28 de outubro de 2017

Não passa passarinho com pressa, ferro ou fogo no pasto (nem a uva passa)

Cadê aquelas dunas quentes que paisageavam o deserto desolado de meu olhar? Cadê aquele meu oásis sonhado, que, de tão distante, agora já nem vejo? Onde foi parar aquele vislumbre juvenil do horizonte intangível que eu vivia para imaginar? Cadê aquelas horas em que eu divagava devagar, deveras atarefado em meio aos deveres diários diversos, vivendo meus desejos vivos em vívida esperança?

O tempo trouxe consigo aquela velha companhia manjada, velha de idade e vaidade, levou o brilho de meu olhar e o mundo já não me surpreende mais, trouxe aquela doença chata que troca a perspectiva do amanhã colorido pelo cinza moroso da cidade... E a gente se acostuma, e já não vive sem sofrer com os mesmos dilemas morais.

Dói lembrar que um dia eu fui jovem, inocente e pueril.

Hoje tudo me parece tão distante, uma vaga lembrança de dunas no deserto um dia sentido, dunas modificadas pelo vento, e nunca nada será mais o que um dia já foi (ou fingiu).

Mudar deve ser normal, afinal... Perder parte de sua essência e substituir por mais mentiras desmedidas, mas o tempo também faz você perceber que algumas coisas não vão mudar, você descobre a fantasia real: aquela que te move, que te alimenta e te faz vivo.

O certo cheiro, o certo toque, o certo certo.



E nada pode impedir o futuro que virá.

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