domingo, 21 de novembro de 2021

Herege

Perdido, passeio insistentemente em teus jardins

Sem vislumbre algum do além, ou mesmo do acaso

Perdido, entre as brumas esqueço onde fica o fim

Sem propósito, circulo sem saber o porquê de seu atraso


O ar, pesado, sufoca como uma mão que esgana

Os campos verdejantes, vibrantes, já se perderam na eterna espera

A brisa fresca da noite ainda é boa, como a palavra que engana

Cadê você? Que nos prometeu a primavera


Tudo segue morto na sua ausência, inverno infinito

Pois que você vá à merda se espera minha compaixão

Prefere observar distante às mortes, aos gritos que ecoam "mitos"


Talvez você não passe de um voyeur sádico afinal

Então eu não quero mais saber de nada, não

Me desligo, infelizmente ainda prisioneiro em teu quintal


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