domingo, 1 de agosto de 2021

Passagem

O certo cheiro, o certo toque, o certo certo.

Por muito tempo os procurei, cheguei perto, quase os senti,  arrepiei,  entendi,   mas  sempre quando pensava tê-los encontrado, desvaneciam como a ilusão de movimento nos vitrais do amanhecer, espantados pelo orvalho dos frios dias de julho.

O Caminho nunca é linear, afinal.

O Caminho, nem existe, é só mera concepção intangível de nossas mentes flutuantes no espaço-tempo, mas eu escolhi o do meio. No meio do onde ou do quando, não me coube mais saber ou perguntar, só, segui.

Só, nem de pão vive o homem. 

A vida, contagem dos dias da experiência humana contida em carne, sempre com medo e no aguardo da transcendência, afinal só tem sentido se compartilhada. Inventamos a sociedade, a arte, a cultura, permeamos tudo isso com amor, em combate à solidão de nossas eras internas.

Amor, a combustão inexplicável.

Invisível e onipresente, o próprio éter que nos cerca no espaço-tempo, que todo mundo quer, mas nem todo mundo conhece, o princípio e o fim de todas as coisas, e que anda em falta. Passamos por Ela diariamente, em todos os lugares, em nossos mais profundos sonhos, em quasencontros noturnos. Mas finalmente, não lembro se agora ou há muito tempo, não lembro se aqui ou acolá, encontrei-A, de passagem.

Tive meu bilhete confiscado, fiquei.

Impossível como a lembrança do futuro, todas as nossas eras internas agora compartilhadas, lá estava Ela, a pedra filosofal dos alquimistas, a quintessência sequestrada pela incessante busca humana, a própria busca, a razão absoluta, Lillith. Da proximidade de sua distância, me abraçou sem me tocar, me inebriou sem cheiro algum, com toda certeza.

O certo cheiro, o certo toque, o certo certo.



Um comentário:

  1. Poxa vida... Quando pensei que não dava para seus textos ficarem melhores... Obg por compartilhar conosco ��

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